O frevo não distingue sexo, faixa etária nem nível socioeconômico. O frevo frequenta ruas e salões, arrastando multidões num delírio contagiante em qualquer lugar do Brasil, e do mundo. Nordestino por excelência, o ritmo tem seu berço em Pernambuco, mas atravessou fronteiras, contagiando com seu ritmo sincopado pessoas de qualquer idade. Ninguém consegue ficar imune a uma orquestra de frevo. Isso é impossível. Agora, saber dançar um frevo, ah! Isso já é outra história. São inúmeros passos, várias coreografias. Tem a dança do Chão de Barriguinha, Parafuso, Dobradiça, Saca-rolhas, Corrupio, Locomotiva, de Bandinha, e várias outras. Aí, só mesmo sendo pernambucano para entender e explicar porque para quem não é pernambucano o negócio é se limitar a pular, pipocar e ferver junto com a multidão.
Mas como surgiu o frevo? Segundo alguns pesquisadores, atribui-se a criação do ritmo ao capitão José Lourenço da Silva, ensaiador das bandas da Brigada Militar de Pernambuco. A data do aparecimento do frevo parece estar estabelecida, com certeza, entre os anos de 1909 e 1911. Já a palavra frevo seria uma corruptela da palavra ferver. Não é preciso muitas explicações para entender a razão, porque o frevo faz todo mundo ferver, pular e pipocar, seja na rua ou no salão.
Outra coisa que chama atenção é a sombrinha colorida, um elemento que se tornou o símbolo do frevo. Mais uma vez, mergulhando no passado, descobre-se que a origem deste acessório está associada ao seu uso como arma. A sombrinha em sua origem não passava de um guarda-chuva conduzido pelos capoeiristas pela necessidade de ter na mão como arma para ataque e defesa, já que a prática da capoeira estava proibida. De acordo com alguns pesquisadores, este argumento baseia-se no fato de que os primeiros frevistas não conduziam guarda-chuvas em bom estado, valendo-se apenas da solidez da armação. Com o decorrer do tempo, esses guarda-chuvas, grandes, negros, velhos e rasgados se veem transformados, acompanhando a evolução da dança, para converter-se, atualmente, em uma sombrinha pequena de 50 ou 60 centímetros de diâmetro.
Desde a sua criação, o estilo sofreu várias influências ao longo do tempo. Atualmente, os especialistas distinguem o Frevo-rua, que é exclusivamente instrumental, sem letra, feito unicamente para se dançar; o frevo-bloco, que é executado por Orquestras de Pau e Corda compostas por violões, banjos e cavaquinhos. Este estilo tem letras e melodias que geralmente trazem um misto de saudade e evocação. Já o frevo-canção, tem por ícone a famosa música "O teu cabelo não nega mulata...", que foi motivo de desavenças entre o compositor carioca Lamartine Babo que a transformou em marchinha carnavalesca, e os verdadeiros autores, os irmãos Valença, de Recife. Os editores da música no Rio de Janeiro foram processados na Justiça pelos irmãos Valença e no selo do disco passou a constar: "Marcha - Motivos do norte - Arranjo de Lamartine Babo".
A partir da década de 1960, o ritmo do frevo foi incorporado aos temas dos 'trios elétricos' da Bahia ganhando a partir daí o país. O frevo era usado para fazer o povo dançar e ferver, ou pular como 'pipoca' seguindo os carros de som. O cantor e compositor Moraes Moreira foi um dos pioneiros a difundir o frevo para o Brasil.
Acabou, que o frevo, por ser tão marcante, mereceu até uma data especial, que é o dia 9 de fevereiro, quase que abrindo a data oficial do Carnaval. E não é à toa.
FONTE - JORNAL O MOSSOROENSE (17/10/1872), MOSSORÓ-RN, 07/02/2010
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